Acabei de conversar com meu pai por telefone, que já está no quarto do hospital, onde deve ficar por mais 4 dias. Ele está bem, com uma voz boa e tudo mais. Sinto-me aliviado de poder falar com ele!
Ele passou por uma cirurgia de reconstituição da válvula mitral, onde foi realizada uma valvoplastia.
A válvula mitral é uma válvula dentro do coração que assegura a fluidez correta do sangue no sentido do átrio esquerdo para o ventrículo direito. Meu pai tinha um prolápso da valva mitral ou Síndrome de Barlow, o conhecido sopro do coração, que progrediu para uma insuficiência da válvula mitral, quando ocorre o refluxo do sangue do ventrículo direito para o átrio esquerdo. Estima-se que o prolapso da válvula mitral atinja entre 5 a 10% das pessoas.
Meu pai não tinha nenhum sintoma de prolapso de válvula mitral e só ficou sabendo que tinha isso quando, durante um exame de rotina, o médico auscutou o coração e ouviu o chamado sopro sistólico. Durante 5 anos ele fez ecocardiograma bidimensional com Doppler para o acompanhamento do sopro e entre o que ele fez em setembro deste ano e o que fez em fevereiro, houve um aumento de 5mm do átrio esquerdo e aumento de uma pressão por lá, indicando que estava próximo da necessidade de uma cirurgia.
A cirurgia em sí foi uma cirurgia reparadora, uma “plástica” na válvula, sem necessidade de transplantar por outra válvula biológica ou mecânica.
O procedimento operatório deve ter sido como descrito no site da Clínica Cardíaca Mulinari:
Uma cirurgia de plastia ou de troca da válvula mitral leva de duas a três horas para se realizar. A substituição pode ser por válvula biológica, de tecido animal, ou por válvulas mecânicas construídas com materiais compatíveis com o organismo. Embora funcionem de maneira similar, sua durabilidade e indicação clínica são diferentes.
A operação de troca valvar requer anestesia geral. O cirurgião abre o tórax do paciente através do osso esterno, e os tubos e cânulas para a circulação extra-corpórea são inseridos no coração e nos grandes vasos. Os batimentos cardíacos são suprimidos para que o cirurgião possa abrir e operar o coração com segurança. Através do átrio esquerdo a válvula mitral é exposta, e o cirurgião verifica se pode ser reparada ou se deve ser substituída.
Usam-se suturas não-absorvíveis para fixar uma nova válvula em substituição à removida. O cirurgião testa os movimentos de abertura e fechamento da válvula e em seguida fecha-se a incisão no átrio esquerdo. A aorta é liberada e todo o ar é evacuado do interior do coração. Logo que o coração retoma seu vigor, a máquina de circulação extra-corpórea é retirada e o paciente assume suas funções cardiorrespiratórias normais.
Catéteres de drenagem são colocados em torno do coração, e em 24 horas serão removidos. Fios de marca-passo temporários são instalados na superfície do coração para regular o ritmo cardíaco, as cânulas são removidas, o esterno e a pele fechados.
Em seguida o paciente é transportado para a Unidade Cardio-Intensiva Cirúrgica, e irá despertar em quatro a seis horas. Na manhã do dia seguinte todos os catéteres de drenagem e monitorização são removidos, o paciente é transferido da UTCIC para a enfermaria e, entre cinco e sete dias pode ter alta.