A computação evoluiu muito nos últimos 35 anos…
De profissionais altamente técnicos que trabalhavam em gigantescos (e caríssimos) mainframes com cartões perfurados, terminais burros ou disquete a indianos trabalhando do outro lado do mundo, usando notebooks e Internet wireless.
Enquanto que há 35 anos só alguns nerds, estatísticos loucos, matemáticos pirados e técnicos de eletrônica curiosos mexiam (e pareciam entender) o desconhecido e promissor mundo da computação, hoje qualquer adolescente de 15 anos consegue programar, criar vírus, programas opensource, mexer com Linux ou configurar uma rede doméstica com compartilhamento de Internet banda larga…
Enquanto que de 1955 a 1971 programava-se apenas em Fortran, COBOL, ALGOL, Lisp, APL, BASIC, PL/1, Simula e Pascal, hoje temos mais de 110 linguagens de programação em uso.
Nessa verdadeira torre de babel criou-se a "análise de sistemas" e a "engenharia de software" no intuito de conseguir definir, planejar, implementar, testar, implantar, gerenciar e mantar um software, o que não vem acontecendo tão bem assim…
Surgiram padrões, métricas, entidades reguladores, ferramentas, técnicas, métodos, normas, indicadores de qualidade… mas mesmo assim o desenvolvimento de sistemas continuou sendo algo tão imprevisível que se parece mais com o desenvolvimento de um organismo vivo que com a construção de um prédio.
Programação orientada a objetos (OO), arquitetura orientada a serviços (SOA), padrões de desenvolvimento (Design Patterns) e qualidade de serviços (QoS) são alguns hypes que estão em voga para tentar arrumar tudo isso.
A necessidade atual da computação é capacitar profissionais para melhorar a qualidade de processos, produtos e serviços, buscando atingir padrões tanto nacionais quanto internacionais de qualidade e produtividade, no intuito de ser competitivo (competividade) e confiável (confiabilidade) no mercado globalizado.
Num caos tão grande que se tornou a computação, com necessidades tão urgentes de racionalização e controle, somos "obrigados" a burocratizar o trabalho: mantendo rastreabilidade, visibilidade, manutenabilidade do sistema, gerando métricas, evidências de testes, seguindo processos, utilizando frameworks, buscando CMM/CMMI, ISO9001…
O trabalho do desenvolvedor, do tester, do analista, do arquiteto, do líder, do gerente são burocratizados para manter uma "qualidade de processo" para chegar a uma "qualidade total". Algo importante, há de se admitir, mas que está, paradoxalmente, diminuindo a produtividade e a creatividade desses profissionais.
As organizações precisam de profissionais ABC: Analistas de Burocracia Computacional. São as pessoas que farão o "tramite legal" dos processos, acompanhando o trabalho dos profissionais técnicos e fazendo para eles as tarefas que não são técnicas, mas do processo. Praticamente um despachante!
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