“Hoje foi um Inferno Astral” – Edinho. Pra mim não foi só hoje, mas o mês inteiro.
Há uns 3 ou 2 anos criei uma teoria: “A vida é cruel”, num dia de revolta. Hoje eu completo essa teoria, em outro dia de revolta.
Todo mundo é perfecionista. Quer ser melhor, algo que não é. Quer ter sucesso na vida, curtir a vida. Vivemos com a esperança de hoje ser melhor que ontem e ficamos frustrados com isso. Então passamos a viver com a esperança de amanhã acontecer o que não aconteceu hoje. Temos medo de não ser o que queremos ser, subconscientemente. Quando acontece algo bom em nossa vida, nos acomodamos, mas tudo tem um fim. É o Inferno Astral… quando nada da certo. Todas as suas expectativas de sucesso falham, tudo que vc pensou que poderia acontecer de bom não acontece e até situações inimagináveis passam a te atormentar. Nada começa a cair do céu como acontecia anteriormente, é preciso iniciativa, paciência e esperança. Quando alguém diz que curtiu a vida é porque teve bons momentos, mas ninguém acha que já curtiu a vida suficientemente e pretende ter mais bons momentos. É a busca da perfeição, do conforto financeiro, do sucesso profissional. Vivemos nos imaginando como futuros vencedores, mas a realidade é bem diferente.
É a esperança que motiva nossa vida. A esperança de no futuro a situação atual melhorar, viver boas experiências, subir na vida. Existem três tipos de pessoas. As que não têm medo de morrer pois não têm perspectiva de futuro, as que têm medo de morrer pois acham que ainda não aproveitaram a vida suficientemente e as que têm medo de morrer pois acham que já aproveitaram bastante.
Existe um egoísmo nas pessoas. Uma inveja. É um combustível social, que cria nossa busca da perfeição e do presente que nunca chega. Um egoísmo de não compartilhar sentimentos, informações e conhecimento. Uma inveja do semelhante ser melhor que vc, estar melhor que vc. Existe aquele pingo de “tomara que não dê certo” quando um amigo está bem na escola ou com uma garota realmente linda. Esse sentimento é uma manifestação do subconsciente de perfeição, de ser o que não é. Existem aqueles que abdicam dessa busca da perfeição para buscar o conhecimento interior, o equilíbrio de corpo e mente. Como os monges e padres. São pessoas que não querem a fama, o dinheiro, mulheres, carro do ano, que não correm atrás de um ideal de melhores momentos. São pessoas felizes. Que curtiram a vida.
Eu tenho meu Inferno Astral. Tenho ciúmes, inveja e sou egoísta. Busco uma perfeição que não tenho. Aspiro a dias melhores. São quase como sonhos, inalcansáveis. Talvez por isso eu me acomode tanto, não fico buscando meu presente. Meu egoísmo não deixa meu Inferno Astral ser visível. Eu já vivi a vida o suficiente pra ter curtido-a. Viverei mais, aprenderei mais, me divertirei mais, terei mais Infernos Astrais, me revoltarei outras vezes.
Eu tenho medo da morte pois já vivi a vida e chorarão minha ausência.
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