Expedição Pico da Bandeira – 2ª Parte Quando de…

Expedição Pico da Bandeira – 2ª Parte

Quando deram 2 horas começamos a subir. A animação era tanta que a gente nem ligou pras nuvens no céu. Nem dava pra ver as estrelas e a lua estava encoberta. O Paulzinho levou a mochila 72 litros dele com biscoitos, pães, café, água, roupa e outras coisas também. A gente subia no escuro, só com a luz de 5 lanternas (o Marcelo ficou sem lanterna), seguindo os pauzinhos brancos, os X e as setas brancas. A subida era íngreme e cansativa, paramos diversas vezes para descansar, princialmente o pai do Marcelo & Rafael & Daniel, que estava com a mochila. Chegou um ponto em que a lanterna fazia um faixo de luz branca no céu, de tanta neblina. A gente só via uns 50 metros, iluminados pela lanterna, e mais nada. Não sabíamos se estavamos pra norte, sul, leste ou oeste, nem se estávamos em um vale, no topo de um morro ou em uma encosta. Em um ponto, chegamos a ter de ajudar um grupo, que foi pra frente enquanto a trilha virava abruptamente pra esquerda, mas eu acho que se eles não tivessem perdidos e dizendo que não tinha marca onde estavam, a gente teria ido pro mesmo lado. Naquele ponto a trilha, no mato, acabava em cima de um chão de pedra, de uns 20 metros, cercado de matro pros outros lados, como a trilha era reta até aquele ponto, o normal era continuar reto, mas na esquerda, na entrada do mato, tinha uma seta.

A pior (ou mais emocionante) parte da subida foi quando chegamos em um “platô” de pedra, a neblina era tão forte que o facho da lanterna não iluminava mais de 3 metros. A pilha da minha lanterna estava fraca e eu tinha ido na frente até aquela hora. Achamos um X em uma pedra e ficamos rodando em volta do X, pra frente, tentando achar a outra marca. Na hora começou a chover, tive de colocar minhas duas blusas por baixo da blusa preta impermeável. Meus dois gorros ficaram molhados, minha calça ficou molhada até as coxas, meus óculos embaçavam e ficam molhados. Ventava muito e estava muito escuro, a gente gritava e ninguém respondia. Pra direita tinha um paredão de pedra, pra esquerda tinha um penhasco, a gente só via a neblina e quanto mais íamos pra esquerda mais inclinado ficava e pra frente era uma descidona com muito mato. O Rafael, Marcelo e Alessandro assentaram em uma pedra, encolhidinhos, um do lado do outro e eu, o Daniel e o Paulo ficamos rodando, procurando a próxima marca. O problema era que a pedra era preta e as marcas brancas, mas tinha muito musgo branco no chão e sempre que pensávamos ter achado a marca, quando chegávamos perto, víamos que era musgo. Ficamos parado lá por meia hora. Só saímos quando eu, indo pra frente, em direção ao mato, ví uma reta branca em um pedaço do paredão da esquerda. Subí lá pra ver o que era e tinha realmente uma seta, de uns 15cm, que mandava ir pro lado. Mais pro lado tinha outra seta que mandava subir o paredão. O problema da primeira seta era que ela estava em um mini platô no paredão, mais alto do que nós e não dava pra ser vista, já que estava no chão. Se ela tivesse pintada na parede do paredão seria bem mais fácil.

Já não dava mais pra mim ir na frente, já que minha lanterna estava fraca e meu óculos embaçado. O Daniel foi na frente até quando chegamos em um ponto com pouca marcação e neblina muito forte. A estratégia que tomamos foi seguir um do lado do outro, distanciados, para frente, procurando a seta, quanto um achava a fileira se dirigia pra lá e começava-mos a procurar a próxima marcação. Andamos mais um tempo até já poder escutar a falação de pessoas, que devia estar no pico. Quando chegamos em uma pedra e tinham lá umas 4 pessoas descançado percebemos que estávamos perto. O dia já estava ficando claro e nada de neblina desaparecer. Fomos subindo um morro e depois a subida ficou bem íngreme, no meio das pedras. Pensamos que já estávamos a uns 200 metros do pico, mas caímos na realidade quando, a uns 100 metros mais alto que nós, vimos uma lanterna piscando. A subida foi fácil, estávamos querendo chegar no pico e a neblina já não estava um branco tão negro e tão próximo, já foi possível apagar as lanternas nesse ponto. Quando chegamos lá eu fiquei impressionado com a quantidade de pessoas. Tinha um plano de cimento, de uns 10 metros quadrados, onde antigamente tinha uma casa de madeira que foi queimada por uns turistas que estavam com frio… Subi os 3 últimos metros que faltavam pra chegar no cristo e na torre e nos escondemos entre uma pedra e outra. Tive de improvisar uma luvas, colocar minha mão nos bolços, tirar um dos gorros, que estava molhado (chegou a ter cristais de gelo). Ventava muuuito! A temperatura estava -2ºC. Por entre as neblinas conseguimos avistar outra parte do pico, que não tínhamos visto por causa da neblina. Lanchamos e fomos até lá, o cruzeiro, no 3º ponto mais alto do Brasil. Ventava e fazia tanto frio que só ficamos um pouco, tiramos umas fotos e começamos a descer.

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