Esse fim de semana tive um momento epifânico. Assistindo uma
entrevista com o criador do Barbatuques, na TV Cultura, senti um
grande vazio por não estar fazendo nada criativo, não estar produzindo
nada, não estar colocando minhas idéias, todas relacionadas a
computação, em prática. Não estou fazendo o que gosto, que é aprender
e viajar na maionese com minhas idéias.
O que sou eu além de um computeiro maluco e idealizador, que tem como
revistas de cabeceira a “Scientifc American Brasil” e a “Pesquisa”, da
FAPESP? Nem ao menos sei tocar guitarra! Formado em Ciência da
Computação numa universidade que até alunos de universidades ótimas
daqui de São Paulo admiram, finalista da OBI no ano que entrei na
faculdade, finalista do Desafio Sebrae na primeira vez que joguei…
sempre gostei de desafios.
Sinto falta da correria da faculdade, dos trabalhos que tínhamos de
fazer e de todo aquela sede de conhecimento. Tanta novidade, tanta
coisa nova e quanto mais o tempo passava, mais percebia que eu não
sabia nada! Os amigos com os quais jogava papo fora, conversávamos de
inovações tecnológicas, vivíamos intensamente em bares, boates, noites
na casa de alguém, shows. Foram muitas as noites estudando Álgebra
Linear, Inteligência Artificial, tomando Coca-Cola e jogando
Counter-Strike. Eu crescia, aprendia, falava tudo que pensava, mesmo
que não entendessem ou discordassem, tinha com quem trocar idéias. Era
uma vida intensa que me deixava intelectualmente ocupado. Cadê o
Kicho, o Carlos, o Franssatto, o Clóvis pra eu viajar nas minhas
idéias?
O início do trabalho em uma grande empresa é assustador. Várias
pessoas falando de MBA, certificações Oracle, Microsoft, Cisco e você
se sente um inútil incapacitado. Depois de algum tempo vem a
resignação: vou programar quietinho aqui e aprender bastante o negócio
pra depois virar um analista!
Eu não sou um programador medíocre que fez processamento de dados e
acha o VB uma ótima linguagem! Sou um cientista da computação que quer
fazer um site de árvore genealógica em Lisp, que pensou em criar um
DNS dinâmico por P2P, que quer colocar pizzarias e supermercados
vendendo pela Internet,
Gostaria de ter feito mestrado, mas eu já havia morado 3 anos em São
Carlos as custas de meu pai, queria começar um estágio para poder
ganhar meu próprio dinheiro. Não me arrependo, estou em uma ótima
empresa que se não tivesse entrado no processo de seletivo, talvez
nunca soubesse que é uma empresa tão boa de se trabalhar.
Vendi meu micro antigo e comprei um novo. Daqui a 15 dias chegam as
memórias. Poderei finalmente usar um micro sem que ele trave de i =
4+rand(180) em i minutos!
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