EUA mantêm megaoperação secreta de espionagem, diz jornal
Os Estados Unidos mantêm, desde os ataques de 11 de setembro de 2001, o maior programa secreto de espionagem e prisões de estrangeiros desde o fim da Guerra Fria, informa nesta sexta-feira o jornal americano "The Washington Post".
Isso inclui permissões da CIA [agência de inteligência americana] de prender suspeitos terroristas vinculados à rede Al Qaeda em qualquer país do mundo, e usar técnicas de tortura condenadas como violações aos direitos humanos.
O programa, batizado pela sigla GST, também permitiria à agência americana estabelecer uma rede de inteligência com serviços secretos de vários países, manter prisões clandestinas fora dos Estados Unidos, e mover prisioneiros para qualquer lugar do globo.
Nos últimos dois anos, vários aspectos dessa operação secreta vieram a público, e provocaram vários protestos de civis contra a ação do governo Bush e também em países que colaboram com os EUA.
Apesar disso, todos os programas continuam a operar, de acordo com membros do governo ouvidos pelo jornal americano. Tais fontes afirmam que Bush está "comprometido pessoalmente" em manter o programa GST, e dizem que ele "acredita" na legalidade do esquema, e que "vai resistir" a qualquer pressão para mantê-lo.
"No passado, presidentes se afastavam de programas secretos", afirmou John Radsan, assistente-geral do conselho da CIA de 2002 a 2004. "Mas esse presidente, que está rompendo os limites entre as ações secretas e a guerra convencional, e parece gostar das descobertas secretas e os detalhes sujos das operações".
Tortura
Em junho passado, a CIA suspendeu temporariamente seu programa de interrogatórios, após uma controvérsia causada pela divulgação de um documento de agosto de 2002. O memorado do Departamento de Justiça americano, definia a tortura de forma "não convencional".
As técnicas autorizadas incluíam afogamento, usado para fazer prisioneiros "pensar", sessões de ofensa e surras; isolamento, privação do sono, dietas baseadas apenas em líquidos e a manutenção dos detentos em posições físicas extremamente cansativas.
"Nos bastidores, o diretor da CIA, Porter J. Goss –que até o ano passado foi o diretor republicano do Comitê de Inteligência do Congresso– reunia munição para defender o programa", afirma o jornal.
Logo depois do memorando vir à tona, Goss, em uma tentativa de validar tais práticas, pediu para especialistas em segurança verificarem a "validade" das ações, sobre o prisioneiros, e a efetividade na obtenção de confissões.
Advogados
A decisão da administração de Bush em confiar apenas em um pequeno grupo de advogados para fazer interpretações legais que justifiquem os programas secretos americanos e não consultar o Congresso americano tem ajudado em aumentar o furor contra o governo americano, afirmam fontes ligadas ao programa.
Um exemplo disso é a monitoração que a Agência de Segurança Nacional americana fazia secretamente de vários civis residentes nos Estados Unidos.
Segundo publicou o jornal americano "The new York Times", o monitoramento passou a ser feito meses após os ataques terroristas de 11 de setembro de 2001, não teve autorização da Justiça americana, geralmente necessária para realizar esse tipo de espionagem.
0 Comentários.