Pergunta de entrevista da Folha de São Paulo com o secretário de segurança do Rio de Janeiro, José Mariano Beltrame:
A falta do cerco [na Vila Cruzeiro] foi o que permitiu a fuga?
Aquela imagem [dos traficantes fugindo no alto do morro] eu sei que chocou muita gente. Mesmo que eu tivesse com os pontos controlados, no Brasil só posso prender em flagrante ou com decisão judicial. Paro um cara daqueles. E aí? Se não tiver como provar que é traficante, por estar desarmado e sem droga?
Qual foi a orientação dada para que operação terminasse com poucas mortes?
Não quero matar ninguém. Hoje vocês me cobram porque fugiram. Se eu autorizo o helicóptero blindado a decolar com uma metralhadora automática, vocês iriam dizer: secretário, morreu gente ali que só estava com uma mochilinha nas costas.
E estava cheio de gente assim, sem arma. Esse cara botou uma camisa, se é que botou, e passou na cara do policial. Porque é o cara que gravita no tráfico. Porque o cara que está na moto lá embaixo para vender, não está armado. Se ele vai preso, perde só a droga. O fogueteiro não está armado, o cara da pipa na laje não está armado.
Se vais subindo, aqueles senhores lá em cima tem um aparato e pelo tempo que têm no tráfico vão ter um antecedente. Aquele que a mãe entregou, ela dizia, é envolvido com o tráfico. Fomos puxar os antecedentes e só tinha um furto de veículo. Aí fica até ruim para o delegado. Vou enquadrar o cara em associação para o tráfico porque a mãe dele está dizendo. Esse troço de fuga não é simples.
É isso que acontece na mídia brasileira… Invadir um presídio e matar dezenas de presos revoltosos: desumanidade. Invadir uma favela e deixar centenas de traficantes sairem vivos: falta de planejamento.
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