A capacidade de Steve Jobs de fazer negociações em que sai como uma posição absurdamente vantajosa e a outra parte sai ganhando como em qualquer outra negociação comum é incrível. O contrato da Pixar com a Disney quando do lançamento de Toy Story e depois com a compra da Pixar pela Disney é um ótimo exemplo disso.
Com o iPhone e a Cingular (hoje AT&T) não poderia ser diferente. Foi mais de um ano e meio de negociações, em que Steve Jobs exigiu controlar todo o processo de design, tecnologia, funcionalidade, fabricação e marketing, deixando a AT&T apenas como um meio para utilização do seu aparelho. O iPhone que é vendido por $399 dá $80 de lucro pra Apple, fora os $10 mensais da conta de cada cliente, que a AT&T repassa para a Apple, gerando mais $240 nos 2 anos de contrato.
O mercado de telefonia sem fio não estava acostumado com isso. As fabricantes de celular eram tratadas como meras coadjuvantes, criando aparelhos que atendessem os desejos das operadoras e não dos consumidores. As grandes empresas “davam” os aparelhos para seus clientes, em troca de contratos de 2 anos, semelhante ao que a Claro faz aqui, com os celulares de 1 real.
O que nos espera é uma mudança nessa relação fabricante-operadora-cliente, onde a primeira passará a criar melhores (e mais caros) modelos e as operadoras serão apenas prestadoras de serviço, sem subsidiar a compra dos celulares, onde o cliente paga pelo que utiliza.
Ainda vou além: digo que não existirá mais “cliente TIM” ou “cliente Vivo”, será como na telefonia fixa, onde para fazer um DDD é possível usar o 21 (Embratel) ou o 15 (Telefônica) ou qualquer outra operadora. Será como na Internet, que com o meu computador eu posso usar qualquer provedor para acessá-la.
Quem quer ler mais sobre o assunto, na Wired tem o excelente artigo The Untold Story: How the iPhone Blew Up the Wireless Industry.
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