Morre Bento Prado de Almeida Ferraz

Tive um professor de filosofia na faculdade que foi super interessante e me abriu vários questionamentos. Em homenagem á sua pessoa, nos próximos 31 dias publicarei no blog definições de dicionário para alguns termos que passei a filosofar muito.

Segue abaixo a notícia de sua morte.

 

Fernando Sampaio/AE

Bento Prado Jr.

SÃO PAULO – Um dos mais importantes filósofos brasileiros, o professor Bento Prado de Almeida Ferraz Júnior, morreu na madrugada desta sexta-feira, aos 69 anos, na Santa Casa de Misericórdia de São Carlos, interior de São Paulo. O corpo do filósofo está sendo velado no saguão da Reitoria da UFSCar e o sepultamento está previsto para às 16h30 no Cemitério Nossa Senhora do Carmo, em São Carlos. O reitor da UFSCar decretou luto oficial de três dias pela morte do professor e filósofo. Ele também colaborou com outras instituições como Unicamp, Unesp e PUC-SP.

Professor emérito de Filosofia pela Faculdade de Filosofia, Letras e Ciências Humanas na USP e professor do Departamento de Filosofia e Metodologia das Ciências da Universidade Federal de São Carlos, Bento Prado Jr. sofria de câncer na laringe. A morte aconteceu à 1 hora da manhã em decorrência de uma parada cardiorrespiratória, resultado das complicações causadas pela doença.

Bento Prado Jr. nasceu em Jaú, interior de São Paulo, no dia 21 de agosto de 1937. Cursou filosofia na Universidade de São Paulo entre 1956 e 1959, período em que foi influenciado pelas idéias do filósofo francês Jean-Paul Sartre. Foi aluno de Cruz Costa, Lívio Teixeira, Ruy Fausto e Gérard Lebrun no lendário prédio da Rua Maria Antonia. Pensador incansável, usou as palavras de Edmund Husserl, o fundador da fenomenologia, para definir a disciplina a que se dedicou: “A filosofia é uma ginástica intelectual terrível que você faz para conseguir ver aquilo que desde sempre estava na cara.”

Livre-docente aos 28 anos
No início de 1960 ingressou na USP como professor-assistente de História da Filosofia. No ano seguinte, viajou para a França, onde deu início aos seus estudos sobre o pensador francês Henri Bergson. Talentoso, com apenas 28 anos, em 1965, obteve o título de professor livre-docente com sua tese publicada com o título Presença e Campo Transcendental – Consciência e Negatividade na Filosofia de Bergson (Edusp, 224 págs., R$ 14,40).

De volta ao Brasil e às atividades acadêmicas na USP, foi aposentado compulsoriamente pela ditadura militar em 1969, com mais 23 professores da instituição como Caio Prado Júnior, Octavio Ianni, Florestan Fernandes, Fernando Henrique Cardoso, entre outros nomes conhecidos. Voltou para a França onde permaneceu como bolsista pesquisador do Centro Nacional de Pesquisas Científicas, em Paris. Certa vez declarou que, mesmo inativo por força da cassação, continuou atuando na USP como orientador de teses. Bento Prado Jr. só pôde voltar ao Brasil em 1974, quando então passou a lecionar na PUC. Em 1977, foi convidado para trabalhar na Universidade Federal de São Carlos.

Escolheu a cidade para fixar a sua residência e passou a dedicar-se à análise da subjetividade. Atuou como professor de filosofia e coordenador do programa de pós-graduação. Em 1998 ganhou o título de professor emérito da USP. Teve entre seus alunos alguns dos grandes filósofos brasileiros, como Marilena Chauí e Paulo Arantes.

Bento Prado também atuou como colaborador de outras instituições como Unicamp, Unesp e PUC-SP, e exerceu funções em áreas como História da Filosofia, Filosofia da Mente e da Linguagem, Epistemologia da Psicologia e da Psicanálise e Filosofia de Bergson. Foi autor de diversas obras importantes na área de filosofia como: Alguns Ensaios: Filosofia, Literatura e Psicanálise, Filosofia da Psicanálise, Erro, Ilusão, Loucura, entre outros títulos. Muitas delas podem ser encontradas nas livrarias.

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