Meu pai nasceu em 1942 em uma fazenda de uma pequena cidade de Minas Gerais. Quando eu era criança ele me contava a histórias dos porquinhos que eram criados no quintal e que vira e mexe fugiam, fazendo meu pai correr atrás deles entre as árvores, pelo brejo ou até dentro do córrego.
Foto: O Dia Online – Boca no Mundo
Era uma época quando o mais nobre do porco era sua pele: pra fazer pururuca, tirar bacon e de onde saia a banha usada pra cozinhar e conservar carne de vaca. O resto ia pro feijão e virava feijoada.
Hoje em dia meu pai mora num apartamento na cidade e a carne de porco não vem dos porquinhos do quintal e sim das bandejas do supermercado, que compra de grandes fábricas de criação intensiva de porcos.
Antes de se mudar pro apartamento ele chegou a ter uma chácara e criar cabras. Até fui com ele em algumas exposições agropecuárias em Barbacena, Barroso, Conselheiro Lafaiete, Lavras e outras cidades mineiras e sempre ficava impressionado com o tamanho das porcas e cachaços expostos lá. Chegavam a quase 2 metros de comprimento!
Foto: current_
O tamanho exagerado era fruto de selecão genética, inseminação artificial, confinação e manejo adequado, voltado a produzir o máximo de carne de porco, no mínimo de tempo, menor espaço e mais baixo custo. No Brasil a Embrapa Suínos e Aves desenvolveu o Sistema de Produção de Suínos “direcionado para a criação de suínos em ciclo completo, confinado, desenvolvido em um único sítio e contemplando um plantel de 160 a 320 matrizes“. É um trabalho fantástico e completíssimo, que descreve do PH da água que os porcos irão beber ao vão de abertura do telhado.
Como sou vegetariano não estou nem aí se o quilo da carne suína está mais barato pois os porcos são criados aos montes em um galpão, mas essa semana fomos bombardeados com a notícia da gripe suína.
É o mesmo vírus influenza da gripe normal mas tem nome bonito: H1N1 – Influenza Suína/A/California/04/2009. O fato de ser chamado de gripe suína é que o RNA do vírus contém vírus suíno da América do Norte (80% do material genético do vírus), vírus aviário da América do Norte, vírus humano da América do Norte e vírus suíno da Tailândia.
Hoje a Embrapa soltou uma nota informando que a gripe suína não está presente nos porcos brasileiros e que é comum criações de porcos terem vírus da influenza, inclusive que existem criações com o vírus da influenza no Sul e Sudeste do Brasil! Ahhh que alívio, nosso vírus não é contagioso… mas o norte americano também não era até sofrer mutação e contagiar o primeiro ser humano!
Já virou epidemia no México, Canadá e Estados Unidos e a Organização Mundial de Saúde já vê uma pandemia.
Veja Gripe Suína H1N1 em um mapa maior
É muito fácil pegar o vírus. Basta uma pessoa contaminada tossir a menos de um metro de você, ou coçar nariz, olhos ou boca, passar a mão em uma maçaneta, telefone, banco de metrô ou teclado e você passar a mão nesse mesmo local… e levar a mão aos olhos, boca ou nariz. Pronto, de 24 a 48 horas você já estará com os sintomas e antes mesmo das 24 horas você já estará contaminando outras pessoas. Mesmo depois de uma semana, quando você se curar e sarar da gripe, ainda estará contaminando outras pessoas.
É como um filme de zumbi só que não precisa ser mordido, basta tomar um espirrinho ou um aperto de mão e já era!
Antes se eu tivesse febre acima de 39 graus, dores pelo corpo, tosse, falta de apetite, cansaço, fadiga, diarréia ou vômito eu acharia que estava com Dengue, mas agora também pode ser uma simples gripe… suína.
Ah, a Embrapa recomenda cozinhar carne de porco acima de 70ºC pois mata o virus da gripe.
Curtir isso:
Curtir Carregando...